O primeiro casamento em que o Tomé
foi convidado, foi também aquele em que ele levou as alianças aos noivos.
Havia uma grande ansiedade em saber
se ele ia ou não entrar à frente da noiva, como era suposto. Tinha a companhia
de uma linda menina das alianças, uma autêntica princesa, muito comunicativa e bem-disposta.
Na hora H, os dois se posicionaram em frente da noiva de braço dado com o seu
pai e ambos estavam algo assustados. A pequena doce menina, da mesma idade
dele, já tinhas as lágrimas nos olhos tal era a pressão de uma enorme igreja cheia
de gente, a parafernália de fotógrafos e a mãe a ultimar as instruções. Eu tive
que dar uma ajuda com o vestido da noiva e acabei por deixar o meu pequeno príncipe
entregue à mãe da menina, acho que acabou por ser melhor assim.
Lá começou a música e eles
avançaram sob a voz de comando de uma mãe determinada em que tudo corresse bem.
Eu corri pelo lateral da catedral para chegar lá em cima mais ao menos ao mesmo
tempo deles, ainda tive que incentivar o Tomé a avançar até ao fim do caminho
que tinha para percorrer. E ele lá foi, sentou-se ao pé da avó e ali assistiu à
cerimónia. No momento de dar as alianças, não conteve a tamanha vergonha que
sentia e deixou-se ficar bem encolhido no banco, nem um dedo mexeu.
Passada a pressão da tarefa difícil
que tinha em mãos, fomos para a quinta, a grande festa. As primeiras duas horas,
passou-as a dormir no carrinho numa sombra agradável e fresca. Acordar num
local desconhecido, cheio de gente à volta dele, não foi fácil, mas com a ajuda
de quem o dobra bem, a minha querida prima Joaninha, ele lá foi até ao parque
infantil e alinhou em meia dúzia de brincadeiras.
Seguiu-se o almoço, portou-se
bem, comeu o arroz que lhe apeteceu, até não poder mais. Lá se foi desinibindo
às pessoas que o vinham cumprimentar e chamar. Surpresas para os noivos, música
e mais música e assim que tomou o gosto da dança e do palco, foram horas a fio,
a dançar sem parar. Eram 3:50 quando saímos da festa e ele parou, escusado será
dizer que dormir seguido até às 14:30 da tarde do dia seguinte.
O Tomé foi menino das alianças a
convite do tio Tiago e da noiva Renata, sei que terá muito orgulho em dizer que
foi o menino das alianças daqueles tios que ele tanto gosta. Naquele dia,
porque a Renata estava com um lindo vestido mas fora do comum, o Tomé teve uma
vergonha enorme e não conseguiu chegar-se para ela. Ele dizia que ela era uma
noiva linda mas que não queria chegar perto, talvez fosse tecido a mais para
ele… mas o que é certo, é que ela estava linda.
Nas duas semanas seguintes,
falava constantemente no casamento, tivemos direito a assistir à versão de
beijo de noivos do Tomé, “põe a cabeça de lado e o outro dá assim o beijo…” semicerrando
os olhos dava-nos uns longos beijos apaixonados imitando os noivos. Eles
estavam longe em lua-de-mel, quando lhe disse que os tios tinham voltado e que íamos
estar com eles a pergunta dele foi: “A tia Renata já não vai estar vestida de
noiva pois não?” Cobriu-os de beijos e abraços, tantas eram as saudades.
Dificilmente se vai lembrar deste
dia quando crescer, mas com toda a certeza vai saber que foi um grande dia, que
teve um papel muito importante e que se divertiu imenso.